PASSAGEIROS FANTASMAS

 

"Cuidado em visitar locais afastados e desertos, principalmente estradas onde muitas almas já partiram deste mundo, e uma forma violenta. Poderá poderá ter uma "surpresa inexperada".

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Aproximadamente por volta do ano de 1997 residia eu em Campina Grande na Paraíba (Coordenadas GPS [Latitude / Longitude] 7°14'16.92"S, 35°53'12.44"W), onde fui testemunha de tudo o que passo a relatar.

Existe uma estrada de rodagem que liga aquela cidade à de Patos (Coordenadas GPS [Latitude / Longitude] 7° 1'55.88"S, 37°16'59.80"W), com uma distância aproximada de 140 km.

A viagem por essa estrada é longa e bastante arriscada, principalmente entre Juazeirinho e Patos, ligadas pela Serra da Viração, onde se encontra a passagem mais perigosa do percurso, ou seja, um despenhadeiro de mais de 200 metros.
Nesse local já ocorreram mais de 200 desastres fatais.

Certa vez, pelas 9 e meia da noite, achava-me em companhia de amigos tomando umas cervejas no "Bar Petrópolis", situado na praça de Campina Grande e bem defronte do ponto onde estacionavam os carros de aluguel, quando nossa atenção foi despertada por um automóvel que chegava em grande velocidade, freando bruscamente em frente ao estabelecimento.

Imediatamente o carro ficou cercado de curiosos motoristas de praça, freqüentadores do bar e outras pessoas.
Vimos então que seu motorista estava transfigurado e que alguma coisa de anormal lhe acontecera, pois além de sua palidez, o homem não conseguia articular uma só palavra.
Foi carregado para o bar, onde lhe deram um pouco d'água, mas só depois de longo tempo se reanimou.
Com dificuldade, a princípio, e dando mostras de grande pavor, o motorista passou a contar o que lhe sucedera, tal como reproduzo abaixo:

- Foi uma coisa terrível! Eu peguei uma família que queria ir até Patos e para ali segui muito bem.

Deixei os fregueses e providenciei para regressar o mais cedo possível, já pensando na travessia da serra, à noite.
Jantei no hotel, depois mandei encher o tanque de gasolina e, às 18 horas, como não aparecia passageiro algum para a volta, resolvi vir sozinho.
Ao chegar à descida do Morro da Viração, o motor parou, de repente.
Desci e fui ver o que havia: era uma das velas que estava frouxa.
Reparado o defeito, entrei novamente no carro. Mal bati a porta, senti duas pancadinhas no ombro direito.
Virando-me, vi dois homens altos e vestidos de branco.
Tomei um susto tremendo, pois não tinha visto pessoa nenhuma na estrada, onde tudo estava deserto.
Pediram então que os levasse para Campina Grande, pois estavam ali já a muito tempo e não conseguiam transporte.
Entraram no carro, e quando olhei para trás, um daqueles passageiros me disse, com voz fanhosa, cujo som ainda tenho gravado nos ouvidos:

- Siga a toda velocidade sem olhar pra trás, pois temos que chegar a Campina Grande antes das 10 horas!

É fácil imaginar como arranquei a toda velocidade, vindo por aí feito um doido...
Nem sei como não rolei num barranco.
Suava frio e nem coragem tinha de olhar pelo espelho, para certificar-me se os dois cavalheiros permaneciam sentados.
Só aqui, na estrada de Campina Grande, foi que arrisquei uma olhadela, para constatar com espanto que não havia vivalma no banco de trás!
Vim "tocando" pela estrada, a mais de 100 km por hora, não me lembrando de mais nada, nem de como parei aqui.

Aquele motorista, pelo que soube, jurou nunca mais atravessar sozinho, quer de dia, quer de noite, o assombrado trecho da Serra da Viração e, decerto, cumpriu sua promessa!

 

Geraldo Quirino - Destrito Federal - Brasil

 

 

 

 

 

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